Voltar
Mudanças tecnológicas impactam as relações de trabalho nos portos
Mudanças tecnológicas impactam as relações de trabalho nos portos
30 novembro, 2024

Mudanças tecnológicas impactam as relações de trabalho nos portos

Adaptação do trabalho portuário à realidade atual foi um ponto destacado no painel

A relação de trabalho nos portos foi um dos temas do III Congresso Nacional e I Internacional da Magistratura do Trabalho neste dia 29, no Hotel Bourbon, em Foz do Iguaçu. 

O assunto foi debatido no painel “As relações de Trabalho e a Qualificação de Mão de Obra no Setor Portuário”, mediado pela Jacqueline Wendpap, relatora da Subcomissão 3 da CEPORTOS.

Participaram do painel o presidente da FENOP e Membro da ABDPM, Sergio Aquino, o Presidente da Federação Nacional dos Estivadores, José Adilson Pereira, o Professor Titular da Universitat de València, Dr. Fernando Fita Ortega e o Ministro do TST, Alexandre Luiz Ramos. 

A mediadora, Jacqueline Wendpap ressalta que é preciso formar e qualificar o trabalhador e entender as transformações tecnológicas no setor. “Teremos mudanças necessárias para o processo de grande desenvolvimento e tecnologia no setor portuário”.  

Sérgio Aquino destacou os avanços tecnológicos na área de portos, incluindo o trabalho de operadores com joystick, que contribui para reduzir acidentes. No Brasil, diz, esse tipo de operação está começando a ser usada. 

Ele lembra que em várias regiões do mundo há terminais robotizados, exceto na América do Sul. No Brasil, há um incentivo para a automação das operações e os avanços tecnológicos aprofundaram a necessidade de resolver questões de trabalho.  

Aquino ainda destacou que no Brasil as relações de trabalho estão reguladas pela CLT, que é completamente diferente da realidade atual.  “Nós precisamos de relações trabalhistas mais equilibradas”, afirma. 

Para ele, a negociação não deve ser impositiva. Aquino também ressalta que a FENOP entende que as atuações nas relações capital-trabalho devem envolver somente os atores sociais, sem interferência do estado.  

O presidente da Federação Nacional dos Estivadores, José Adilson Pereira, diz que é preciso buscar entendimento, defender a legislação e ter visão de futuro. 

Para ele, a proposta de projeto de lei entregue ao presidente da Câmara dos Deputados pela comissão de juristas do trabalho portuário propõe a ruptura do sistema. “Há uma precarização da mão de obra”. 

Com 40 anos de trabalho portuário, Pereira diz que é preciso fazer a mesa de negociação andar. 

O professor Fernando Ortega falou sobre a regulação do trabalho portuário na União Europeia, destacando efeitos e riscos para os trabalhadores. 

Ele chamou atenção para mudanças na legislação espanhola a partir de 2014 e adaptações realizadas em anos posteriores, a exemplo de 2017, quando foi proposta norma para mudar o panorama com contratações livres.

Os efeitos e impactos da legislação no setor portuário, explica, foi muito negativo incentivando greves. Isso ocorreu porque foi fomentada a manutenção do registro portuário para garantir o controle da contratação de pessoal e salários. “Consideravam que produziam uma perda de direitos e deveres nas negociações de trabalho”, salienta.  

Em 2022, Ortega diz que foi feito o quinto acordo estabelecendo regras para distribuição de trabalho, controle de contratação e formação controlada por comitês portuários de emprego. 

No encerramento do painel, o Ministro Alexandre Luiz Ramos defendeu a necessidade de adaptação do trabalho portuário para a realidade atual que se insere em um ambiente logístico ampliado. 

Para ele, a CEPORTOS realizou um trabalho intenso e foram feitas escutas ativas e qualificadas. Em audiências realizadas, os trabalhadores exigiram e foram ouvidos. 

“A discussão está posta e a legislação não pode virar as costas para a realidade”.  

O ministro ainda disse que a restrição de contratação pelo sistema OGMO dobra as armas na negociação coletiva especialmente dos trabalhadores avulsos. 

O Congresso é uma iniciativa da Associação Brasileira dos Magistrados do Trabalho (ABMT) em parceria com a Academia Brasileira de Formação e Pesquisa (ABFP). 

Imagem perfil

Chame no WhatsApp

Fechar

Mensagens